Monday, April 13, 2009




Soube, oficiosamente, no final de Março e, no passado dia 08, através da Newsletter # 6 da ExperimentaDesign a notícia tornou-se oficial: Ian Anderson passa a integrar a Direcção Artística da ExperimentaDesign.

Acerca das funções a desempenhar restam algumas dúvidas. Se lá fora se noticiou que Ian Anderson passaria a ser o novo Director Artístico da Bienal, ocupando o cargo desempenhado por João Paulo Feliciano na anterior edição, já a Newsletter da ExperimentaDesign fala de “Direcção Criativa da comunicação” da Bienal, o que corresponderia a um cargo novo, desempenhando funções anteriormente entregues a uma pequena equipa (Rute Paredes; André Cruz; Nuno Luz; Marco Reixa...).

A escolha do designer britânico dificilmente pode ser contestada. Ian Anderson é indiscutivelmente competente para as funções que podemos supor irá desempenhar e tem, a seu favor, o conhecimento da realidade da ExperimentaDesign ganho nas colaborações com as edições anteriores. Não me atrevo sequer a sugerir que a escolha pudesse ter recaído num nome português; a ExperimentaDesign é um evento de projecção internacional, que começou por acontecer em Lisboa e que, agora, acontece, alternadamente, em Lisboa e Amesterdão. Tem à sua frente uma comissária, igualmente, de projecção internacional – Guta Moura Guedes – e é natural que queira colaborar com aqueles que lhe parecem ser os melhores, independentemente da sua nacionalidade.

A próxima edição marca o regresso da Bienal a Lisboa depois da acidentada e, em muitos aspectos, desequilibrada edição de 2005. No dia da inauguração – 15 de Setembro de 2005 – um impiedoso artigo do crítico cultural Augusto M. Seabra, publicado no jornal Público, expunha a estranheza da inauguração da Bienal acontecer do Centro Cultural de Belém onde Guta Moura Guedes Administradora do CCB iria receber Guta Moura Guedes Directora da Experimenta num “Guta welcomes Guta” como Augusto M. Seabra, ironicamente, lhe chamou. Acesa a polémica logo no primeiro dia, sucederam-se depois os atribulados dias na Câmara de Lisboa e o fim, ainda que temporário, da ligação da ExperimentaDesign a Lisboa. Três anos depois, não parecem restar dúvidas que Lisboa sofreu mais com o divórcio que a Experimenta e a sua Directora que mostraram uma inquestionável capacidade de vender a marca ExperimentaDesign a outras capitais europeias.

Se a escolha de Ian Anderson mais do que não oferecer contestação, merece ser elogiada, o silêncio com ela foi recebida surpreende-me. A imprensa nacional não o noticiou, a blogosfera permanece em silêncio. Esta não-reacção parece ser, aliás, a reacção típica do contexto do design em Portugal. À exepecção de uma ou duas vozes individuais (veja-se o modo como o crítico de design Mário Moura não deixou passar em claro a questão da nova imagem de Serralves) e perante a existência sossegada – sossegadíssima ao ponto de nos questionarmos se ainda estão vivos – de Centros e Associações de Design, o meio do design português faz lembrar aquele adolescente que inquirido sobre algo opta sempre pelo quadrado “não sabe/não responde”. O que talvez envolva, na sua não-resposta, uma resposta eloquente, uma espécie de contínuo e sonoro “who cares?”.

1 comment:

Anonymous said...

Creio que este é um não-tema. Aliás como o evento sempre conseguiu explorar.
Tanto a blogosfera como outros meios relacionados com o Design em Portugal concerteza arranjam modo de opinarem sobre os temas que preenchem o quotidiano.
Passadas estas edições e tantos anos, restam ainda dúvidas e um desconforto evidente sobre o modo como se faz a Experimenta. Este nunca foi seriamente discutido. Não parece minimamente pertinente discutir A, B ou C.

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REACTOR é um blogue sobre cultura do design de José Bártolo (CV). Facebook. e-mail: reactor.blog@gmail.com